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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

ONDE ESTÁ INDO A JUVENTUDE?



AUGUSTO CURY


Queridos amigos, acredito que nossa geração quis dar o melhor para as crianças e os jovens. Sonhamos grandes conquistas para eles. Procuramos dar os melhores brinquedos, roupas, passeios e escolas. Colocamos uma televisão na sala.

 Alguns pais, com mais recursos, colocaram uma televisão e um computador no quarto de cada filho. Outros encheram seus filhos de atividades, matriculando-os em cursos de inglês, computação, música.

 Tiveram uma excelente intenção, só não sabiam que as crianças precisavam ter infância, que necessitavam inventar, correr riscos, frustrar-se, ter tempo para brincar e se encantar com a vida.

 Não imaginavam o quanto a criatividade, a felicidade, a ousadia e a segurança do adulto dependiam das matrizes da memória e da energia emocional da criança. Não compreenderam que a TV, os brinquedos manufaturados, a internet e o excesso de atividades obstruíam a infância dos seus filhos.

 Criamos um mundo artificial para as crianças e pagamos um preço caríssimo. Produzimos sérias consequências no território da emoção, no anfiteatro dos pensamentos e no solo da memória deles. 

Esperávamos que no século 21 os jovens fossem solidários, empreendedores e amassem a arte de pensar. Mas muitos vivem alienados, não pensam no futuro, não têm garra e projetos de vida.

 Imaginávamos que, pelo fato de aprendermos línguas na escola e vivermos espremidos nos elevadores, no local de trabalho e nos clubes, a solidão seria resolvida. Mas as pessoas não aprenderam a falar de si mesmas, têm medo de se expor, vivem represadas em seu próprio mundo.

 Pais e filhos vivem ilhados, raramente choram juntos e comentam sobre seus sonhos, mágoas, alegrias, e frustrações. As crianças e os jovens aprendem a lidar com fatos lógicos, mas não sabem lidar com fracassos e falhas.

 Aprendem a resolver problemas matemáticos, mas não sabem resolver seus conflitos existenciais.

 São treinados para fazer cálculos e acertá-los, mas a vida é cheia de contradições, as questões emocionais não podem ser calculadas, nem têm conta exata.

 Eles são treinados apenas para o sucesso. Viver sem problemas é impossível. O sofrimento nos constrói ou nos destrói.


FONTE  http://blog.augustocury.com.br/?p=233


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