Os índios de Marajó confeccionavam objectos utilitários, mas também decorativos.
Entre os vários objectos encontrados pelos pesquisadores encontram-se vasilhas, potes, urnas funerárias, brinquedos, estatuetas, vasos, pratos e tangas para cobrir as zonas genitais das jovens, igualmente feitas de cerâmica. A igaçaba, por exemplo, era uma espécie de pote de barro ou uma talha grande para a água, que servia para conservar alimentos e outros.
Hoje existem várias cópias das igaçabas de Marajó.Todos apresentam uma grande diversidade de formas e padrões de decoração, sendo um dos mais conhecidos o das urnas globulares que apresentam decoração pintada e modelada representando figuras antropomorfas.
Outros tipos de urnas combinam pintura, o uso de incisões e excisões e modelados que representam figuram antropomórficas e zoomórficas.
Outros vasos foram decorados com pintura de motivos geométricos, podendo ser citados neste caso formas mais simplificadas como por exemplo as tigelas, e outros apresentando formas mais complexas como vasos de base dupla, urnas funerárias, estatuetas, pratos, tangas e tigelas em pedestais.
A cerâmica marajoara é geralmente caracterizada pelo uso de pintura vermelha ou preta sobre fundo branco.
Uma das técnicas mais utilizadas para ornamentação desta cerâmica é a do champlevé ou campo elevado, onde são conseguidos desenhos em relevo por meio de decalque de desenhos sobre uma superfície alisada e escavando em seguida a área sem marcação.
Entre os motivos de decoração mais comuns encontrados nesta cerâmica estão animais da fauna amazônica, como serpentes e macacos, a figura humana e figuras antropozoomórficas. Tendo em vista o aumento a sua resistência do produto final eram agregados antiplásticos ou tempero na argila, dentre os quais cinzas de cascalho e de ossos e concha.
Antiplástico ou tempero são termos que se utiliza para designar os elementos, como por exemplo, cacos, conchas moídas, cascas de árvores queimadas e piladas, espículas de esponjas, areia, etc. que são acrescentados na argila para torná-la mais resistente evitando que se quebre durante o processo de fabricação de um artefato.
Depois de modelada, a peça era pintada, caso o autor o pretendesse, com vários pigmentos, existindo uma abundância de vermelho em todo o conjunto encontrado, e somente depois cozidas numa fogueira a céu aberto.
Após a queima da cerâmica, esta era envernizada, propiciando à peça um aspecto lustroso. São conhecidas cerca de 15 técnicas de acabamento das peças, revelando um dos mais complexos e sofisticados estilos cerâmicos da América Latina pré-colonial.Os artefatos mais elaborados eram destinados ao uso funerário ou ritual.
Os artefatos encontrados que demonstram uso cotidiano apresentam decoração menos rebuscada.É dificultado o resgate de peças de cerâmica marajoara pelas inundações periódicas e até pelos numerosos roubos e saques do material, frequentemente contrabandeado para território exterior ao brasileiro.
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