Há três anos e meio, um grupo de jovens estudantes do Colégio Nossa Senhora do Morumbi, São Paulo, visitou Paudalho para experimentar e viver outras realidades afim de ter um novo olhar sobre a sociedade brasileira, e para ver de perto o trabalho de jovens protagonistas que mudaram a história do Bairro do Desterro.
O povoado de Paudalho-PE surgiu no final do século 16 com o corte do pau-brasil. Em 1630 surgiu o primeiro engenho de cana-de-açúcar. Durante séculos, a mão-de-obra-barata da região foi sendo explorada em inúmeros engenhos e nas olarias da região. O município de Paudalho encontra-se inserido nos domínios da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe. A economia do município baseia-se na monocultura de cana-de-açúcar para produção de açúcar e etanol, e na fabricação de artigos cerâmicos para a construção civil.
Várias festas religiosas reúnem milhares de romeiros assim como o carnaval que tem como destaque a dança do frevo.
O bairro do Desterro fica na periferia de Paudalho, no limite dos canaviais . Em 1984, lá chegou uma mulher que ajudou a mudar a história do bairro. Seu nome é Maria Celina. O primeiro passo da comunidade, sob a acessoria de Celina, foi montar grupos de estudos para refletir sobre seus problemas mais gritantes: fome, desemprego, exploração do trabalho nos engenhos e olarias, prostituição, alcoolismo e drogas.
Como resultado dos grupos de estudo, nasceu o Centro de Estudos e Educação Popular (CEEP) que acolhe crianças, jovens e adolescentes. Utilizando o método da observação participativa, o trabalho educativo e recreativo do CEEP mobiliza crianças e adolescentes que, após a aula, ficavam na rua, expostas a todo tipo de violência.
O centro social começou então um trabalho de formação-conscientização onde as crianças e adolescentes recebem reforço escolar, praticam esporte, aulas de dança, música, pintura e recreação. Segundo testemunho dos moradores do bairro, o CEEP sofreu inúmeras perseguições políticas, mas não desistiu de seus objetivos.
O CEEP mudou a história da comunidade, e atende mais de 200 crianças, jovens e adolescentes. Aline, 20 anos, declara: “A desigualdade é grande, os engenhos sugam, mais e mais, a força do trabalhador...” Gilson, monitor acrescenta: “Nosso trabalho, é em primeiro lugar, ‘derrubar’ os canaviais que estão dentro de nós” e Celina finaliza: “Nordeste não é seca, mas a cerca do patrão. Recusamos esse modelo social e investimos na mudança”.
O CEEP contribuiu muito para o desenvolvimento da cultura local e na formação profissional e artística de muitos jovens.
Banda do CEEP- Paudalho - Pernambuco
(Fotos - crédito Celina Missura)
Um comentário:
Olá Celina, obg pela visita. Amei seu comentário e espero recebê-la mais vezes. Estou acrescentando seu Blog à minha lista de preferidos. Abraços Mulher Urtiga
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