Foto Celina Missura
AMIZADE
É MAIS QUE AMOR
É
sempre muito difícil comentar de uma forma nova um assunto que já conhecemos.
Temos uma forte tendência conservadora, que nos leva a rejeitar, ao menos num
primeiro instante, qualquer idéia que não esteja em concordância com o que já
sabemos. Vou falar de amor e, então, parece mais difícil ainda que as pessoas
consigam ver seus aspectos menos simpáticos.
O
amor corresponde a uma busca de completude. Todos nós, desde o início da vida,
temos a sensação de sermos incompletos. Parece que só nos sentimos inteiros e
em paz quando estamos com o nosso eleito. Assim, é óbvio que nosso primeiro
amor é nossa mãe, e todos os outros objetos de amor que venhamos a ter ao longo
das nossas vidas serão substitutos dela.
As
crianças são extremamente dependentes de suas mães, com as quais têm a sensação
de estarem fundidas. Sentem-se inseguras quando estão longe delas e vivem
atormentadas pelo pesadelo de que ela poderá abandona-las ou morrer. Quando
refletimos sobre as relações amorosas entre adultos, percebemos que o modo como
se unem é muito semelhante ao sentimento que liga uma criança à sua mãe. A
grande verdade é que os ingredientes negativos relacionados ao ciúme também se
manifestam de uma forma muito intensa. É por causa disso que costumamos
perceber o amor como um sentimento que acaba se opondo de modo mais ou menos
definitivo aos desejos de individualidade.
O
amor adulto é uma cópia do que se passa na infância. O discurso é mais
racional, mas as reações são idênticas às das crianças. Casais apaixonados se
tratam por diminutivos infantis e gostam de receber agrados também infantis.
Esses pequenos detalhes não seriam importantes se não viessem acompanhados de
noção de que aqueles que se amam têm direitos sobre seus amados. A mãe se acha
com direitos sobre seus filhos e isso, até uma certa idade, faz sentido. Agora,
que o marido possa dizer à esposa se ela pode ou não usar determinada roupa, ir
ou não a um dado lugar, é uma ofensa aos direitos individuais.
O
outro tipo de relacionamento íntimo que vivenciamos é o da amizade. Aqui, o
prazer da companhia é tão importante quanto o que existe nas relações chamadas
amorosas. A confiança recíproca e a cumplicidade costumam ser até maiores do
que as alianças encontradas entre os que se amam. Somos mais respeitosos e menos dependentes de nossos amigos.
Qual
a conclusão? Para mim, fica claro que o amor é um processo infantil que costuma
se perpetuar ao longo da nossa vida adulta. A amizade é um tipo de aliança
muito mais sofisticada porque não busca a fusão e sim a aproximação de duas
criaturas que tenham importantes afinidades e interesses em comum. Nossa parte
adulta estabelece vínculos respeitosos e ricos em intimidade, que correspondem
à amizade. Nossa parte infantil tende a estabelecer um elo único com outra
pessoa, em relação à qual passamos a ter expectativas similares àquelas que
tínhamos de nossa mãe. Não tenho dúvidas a respeito: amizade é um processo
muito mais adulto do que chamamos de amor.
(autor
desconhecido)
2 comentários:
Celina adorei esse post
Bárbara Alves 6ºano
Celinaaa adorei o artigo vc precisa postar +++++
Manoela Rocha Neves N 15 6º ano A
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