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domingo, 8 de abril de 2012

CENTENÁRIO DE MAZZAROPI



Centenário de Mazzaropi
Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
08/04/2012 10h36 Jeca Tatu


Cinemagia




Em célebre entrevista publicada em janeiro de 1970, Amácio Mazzaropi pede ao repórter que conte sua verdadeira história. “A história de um cara que sempre acreditou no cinema nacional e que, mais cedo do que todos pensam, pode construir a indústria do cinema no Brasil. A história de um ator bom ou mau que sempre manteve cheios os cinemas. Que nunca dependeu do INC (Instituto Nacional do Cinema) para fazer um filme. Que nunca recebeu uma crítica construtiva da crítica cinematográfica especializada. A história de um cara que pensa em fazer cinema apenas para divertir o público, por acreditar que cinema é diversão, e seus filmes nunca pretenderam mais do que isso.”

Cem anos depois de seu nascimento (9 de abril de 1912, em São Paulo) e quase 31 depois da sua morte (13 de junho de 1981, em decorrência de câncer na medula óssea, também na capital paulista), Mazzaropi é, para o senso comum, o Jeca Tatu que ele eternizou no filme homônimo de 1960. Mas sua importância para o cinema brasileiro vai muito além disso. “Todo mundo conhece o Jeca, divertido, sarcástico às vezes, mas desconhece que ele foi um cineasta, produziu filmes por conta própria, montou os maiores estúdios da América Latina nos anos 1970 e financiou filmes com o dinheiro arrecadado na produção anterior”, afirma a jornalista Marcela Matos, autora da biografia Sai da frente! A vida e a obra de Mazzaropi (2010, editora Desiderata).

É justamente esse lado empreendedor, menos conhecido do público em geral, que torna a figura do ator, diretor, roteirista e produtor tão mais interessante. Em três décadas, Mazzaropi fez 32 filmes, todos eles disponíveis em DVD. Morreu deixando um, Maria tomba homem, inacabado. Formou-se no circo, quando ingressou ainda adolescente. Seu número, no picadeiro, consistia em contar anedotas nos intervalos das atrações principais. Migrou para os palcos, mais tarde para o rádio, tempos depois para a TV. Mas sua vocação principal foi a tela grande.

Estreou no cinema em 1952, com Sai da frente, na lendária Vera Cruz. Na companhia cinematográfica de Franco Zampari ainda faria duas produções. Com a decadência da Vera Cruz, filmou em outras produtoras. Até que, no final dos anos 1950, decidiu criar sua companhia, PAM (Produções Amácio Mazzaropi), filmes e passou, a partir de Chofer de praça, a produzir e distribuir os próprios filmes. Em 1961, criou em Taubaté, interior de São Paulo, seu estúdio de gravação, inaugurado com Tristeza do Jeca (1961), seu primeiro filme em cores. Mais tarde a área também ganharia oficina de cenografia e hotel.

Completo “Mazzaropi foi um dos primeiros artistas completos do Brasil”, defende o pesquisador e professor de cinema Ataídes Braga. “Mas foi muito mais ator do que o Jeca. Esse personagem, que é genial mesmo, teve muito destaque na década de 1960, mas basicamente está presente em dois filmes (os citados Jeca Tatu e Tristeza do Jeca). Mas o que ele incorporou foi o caipira no sentido maior. Pode ser de São Paulo, Minas Gerais ou de qualquer lugar do mundo”, acrescenta.

Sobre o Mazzaropi empreendedor, Braga comenta que ele acompanhava de perto suas produções. “Inclusive pagava pessoas que vigiavam as bilheterias dos cinemas, já que nos anos 1970 era muito comum que elas fossem roubadas.” Com seus próprios filmes, atingiu audiências de 3 milhões de pessoas. “E ele era um cara que tinha preocupação com o público, o povão mesmo. Era um cinema popular, de entretenimento, sem o peso negativo da palavra”, conclui Braga.

FONTE




2 comentários:

jesueude.blogspot.com disse...

Querida... uma maravilhosa semana bjkassss

Celina Missura disse...

Mazzaropi faz parte de nossa cultura.......